Números oficiais não correspondem à realidade dos desaparecidos

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Ao contrário das baixas estatísticas oficiais, o número de pessoas que desaparecem no Brasil é muito maior do que se pensa. Lançado recentemente, o livro ‘Mortos sem sepultura’ (PalavraCom Editora), escrito pelo major da Polícia Militar de Santa Catarina, Marcus Claudino, traz um panorama sobre o assunto e aponta números distintos do que é divulgado. De acordo com o autor, desaparecem no país 200 mil pessoas por ano, uma a cada 11 minutos – 40 mil são crianças ou adolescentes.

 

Pouco mais de 12 mil casos constam nos registros governamentais. O ranking publicado no portal Desaparecidos, vinculado ao Ministério da Justiça, aponta Brasília como líder, com 299 casos. O estado do Rio de Janeiro está em segundo lugar, com 132, seguido por Sergipe (130), São Paulo (126), Goiás (97) e Rio Grande do Sul, com 84.

 

De acordo com Claudino, a realidade é preocupante para as autoridades de segurança pública dos Estados e assustadora para a sociedade, que não tem a percepção correta do problema. Só em São Paulo ocorrem aproximadamente 10 mil casos de desaparecimentos todos os anos, ou seja, em média, são 30 novos por dia. “O país é palco de um triste cenário, onde as ‘estrelas’ são crianças ou adultos anônimos, desconhecidos e ignorados pela maioria da população e autoridades e cujo pedido de socorro se perde no tempo e no espaço”, ressalta.

 

Envolvido com a causa há quatro anos, o major avalia que falta uma política pública para lidar com isso. “Cada estado tem um boletim de ocorrência diferente e eles não se comunicam. É preciso sistematizar e criar um alerta em nível nacional. Se as pessoas que desaparecem fossem tratadas pela segurança pública como os veículos roubados, 100% dos casos seriam solucionados”, adverte. 

 

A causa e o livro – Claudino é responsável por uma das únicas equipes do Brasil dedicadas exclusivamente aos desaparecidos e envolveu-se com o tema em 2011. Fundou o Grupo de Familiares e Amigos de Desaparecidos Catarinenses, movimento que trabalhou para a criação da Delegacia Especializada em Desaparecimentos. Em 2012 coordenou a criação do Programa SOS Desaparecidos da PM SC, com resultados de largo alcance.

 

Mortos sem sepultura é fruto desse trabalho. O livro reúne informações pertinentes ao tema e traça um roteiro seguro aos que vivem as angústias pessoais do desaparecimento, orientando e guiando os passos mais importantes na recuperação de entes queridos. Vários estudos de caso, complementados por detalhadas explicações, concluem o escopo da obra. Autor e editora renunciaram aos direitos autorais em favor do Grupo de Familiares e Amigos de Desaparecidos Catarinenses.

 

Onde comprar – O livro “Mortos Sem Sepultura – O desaparecimento de pessoas e seus desdobramentos” (PalavraCom Editora), do major PM Marcus Roberto Claudino, está disponível para compra nas Livrarias Catarinense

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