A triste extinção do verbo ‘estar’ na TV

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    Por Carlos Stegemann

    O fim de um verbo (na TV) I

    Nossa Senhora da Gramática está deveras preocupada com a extinção do verbo ‘estar’. Esse classe gramatical tem sido corrompida nas intervenções (ao vivo, no ‘off’ ou nos estúdios) de jornalistas de TV. Nenhum repórter de TV ‘está’, mas ‘tá’; o ‘estou’ virou ‘to’; o ‘esteve’ é ‘teve’ – e aí induz ao erro em duplicidade, pois se confunde com o verbo ‘ter’, na terceira pessoa do singular do pretérito perfeito. E por aí vai…

    Nossa Senhora da Gramática considera que a prática não é um desleixo, mas um misto de arrogância com ignorância, rimas fáceis à parte. Os profissionais de comunicação seriam mais cuidadosos se soubessem o quanto o idioma é importante e da proporcional necessidade de valorizá-lo. Se não estudam e não se interessam – obviamente não entendem tampouco valorizam.

    A arrogância fica por conta da ideia de que são porta-vozes de uma suposta linguagem informal, de que a TV é uma mídia popular e em função disso nivelam por baixo a já massacrada língua portuguesa.

    A indulgência – virtude clássica dos santos – da protetora da língua vernácula tem limites!
    A Santidade das letras lembra que se engenheiros fossem tão negligentes com o cálculo estrutural nenhum prédio estaria (e não ‘tariam’) de pé…
    Oremos!

    O fim de um verbo (na TV) – II

    Nossa Senhora da Gramática exulta com a repercussão do último texto postado nas redes sociais [O fim de um verbo (na TV)] e esclarece àqueles que argumentaram em favor da supressão da primeira sílaba do verbo ‘estar’ por profissionais de jornalismo na TV recorrendo a uma suposta flexibilização da língua vernácula: a Imaculada aceita, mas há limites nesta licença.

    As línguas expressam a influência das diferentes culturas, seja pela dispersão humana pelos continentes, ao longo de milhares de anos; seja pelas invasões (árabes na península Ibérica e os tentáculos do Império Romano na Europa e Oriente Próximo, dois exemplos recorrentes) e pelo recente fenômeno da globalização. Nosso idioma – observa a Santa – tem centenas de verbetes puros ou corrompidos originados do árabe, guarani, inglês ou francês etc.

    Daí a suprimir uma sílaba da palavra, ao proferi-la, a distância é abissal. A linguagem informal é o território da coloquialidade. Contudo, ser coloquial não é falar errado, não é consagrar pelo erro. Não há conservadorismo na posição da Veneranda. Há o certo e o errado.E cada um escolhe seu lado.

    Nossa Senhora da Gramática deseja um bom dia e suplica: leiam!