Mais que um prêmio, esperança por um mundo melhor

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    Reencontrei os atingidos do tornado de Xanxerê e vi o impacto de quem contribuiu para o reinício de vida; conheci quem jamais teve oportunidade e que, cumprindo pena em um presídio industrial, agarrara-se com toda a força possível à chance de se ressocializar; gratifiquei-me com os produtores rurais que veem a preservação ambiental como o único futuro possível; conversei com voluntários que fizeram de suas vidas a missão de levar a leitura às crianças e adolescentes; vi empresas que investiram – por convicção – em eventos comunitários, na recuperação de praças e parques, na carreira de atletas e na valorização da cultura. Enfim, testemunhei cases capazes de fazer deste mundo, normalmente tão desigual e cruel, um lugar melhor para viver!

    Seguramente esse foi o saldo mais importante dos 15 anos de produção de cases para disputar o prêmio Empresa Cidadã ADVB/SC. Criado em 1999, na gestão de Carlos Mussi, transformou-se na mais expressiva láurea envolvendo iniciativas de responsabilidade social do setor privado do estado.

    Minha primeira experiência ocorreu na terceira edição do prêmio, com o relato do projeto Município Saudável, um trabalho extraordinário da Secretaria de Estado da Saúde e outros órgãos da pasta, junto aos municípios cuja população detinha (suponho que ainda detém) os piores indicadores sociais de Santa Catarina. Conheci os fundões de Bela Vista do Toldo (onde comemorei meu 40º ano de vida!) e Cerro Negro, onde encontrei cidadãos absolutamente desassistidos do Estado. Uma senhora com quase 70 anos, em Cerro Negro, jamais estivera com um médico…

    Nestas jornadas percebi o quanto é essencial ser profissional no planejamento e na execução da responsabilidade social – e seguramente o melhor exemplo foi o case da Marisol, em 2004, quando a indústria celebrou 40 anos de fundação e teve a adesão de seus milhares de colaboradores em um dia de trabalho voluntário em favor de entidades sociais de Jaraguá do Sul. Mais do que ajudar, é preciso envolver e perpetuar esse envolvimento.

    Outro case que me tocou foi o do Grupo RBS, em 2013 (Prêmio RBS de Educação), particularmente com o relato de Maria Elizabeth Souto de Oliveira, que aos 63 anos aposentou-se e trocou Caxias do Sul pela praia de Bela Torres, em Passo de Torres (SC). A ex-professora comoveu-se com o cenário encontrado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Nova e começou um trabalho de fomento à leitura. Primeiro levava os livros em uma mala, depois montou uma pequena biblioteca e seu esforço rendeu frutos promissores. Esta dedicação conferiu-lhe a vitória no Prêmio RBS de Educação, na categoria Projeto Comunitário, também escolhida na votação aberta ao público (Júri Popular). Os R$ 10 mil que recebeu serviram para reforçar a infraestrutura e o acervo da biblioteca da escola.

    Está começando mais um ano de inscrições do Empresa Cidadã. Nova oportunidade para saber de iniciativas que reacendem as esperanças por um mundo melhor.