Sou brasileiro, não vivo sem rádio!

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    Comemora-se hoje o dia nacional do rádio, numa alusão ao nascimento do carioca Edgard Roquette-Pinto (25/09/1884), talvez o mais espetacular multiprofissional (médico, escritor, professor, antropólogo, entre outras ocupações) do início do século XX. Roquette-Pinto, cujo sobrenome é grafado errado, quase invariavelmente – criou a Rádio Sociedade Rio de Janeiro, em 1923, para utilizá-la como difusora da educação no país. Motivação mais nobre, impossível.

    Como a maioria dos gaúchos, ouço rádio desde a tenra idade – foi o meio de comunicação que primeiro e por mais tempo impactou-me. Também pela infância pobre e a ausência da TV na sala de casa. A Rádio Guaíba permanecia sintonizada enquanto houvesse alguém da família acordado e lembro dos programas, dos profissionais e até das vinhetas que rodavam há mais de 50 anos.

    ‘Virei’ jornalista e com a voz grave que a genética me deu, trabalhar em rádio foi decorrência natural, ainda que em breves passagens. Breves, mas inesquecíveis. Em Santa Catarina, minha primeira experiência foi a Guarujá, onde tive a privilegiada companhia dos lendários irmãos Mario Ignácio e José Nazareno Coelho, além de dois nomes gravados na história da rádio catarinense: Pedro Lopes e JB Telles, que tiveram a paciência de me ensinar muito. Ricardo Medeiros, Luciano Bittencourt, Sergio Murilo, Gastão Dubois, Polidoro Junior, Paulo Brito, Mário Medaglia – gente muito boa daquela época e que amava a ‘latinha’. Por coincidência, trabalhava em São Paulo quando a CBN foi fundada e lembro de ter ido com o empresário Max Gonçalves (Fenasoft) aos estúdios da Rua das Palmeiras, onde quem o entrevistou foi simplesmente Heródoto Barbeiro!

    Para a extinta e igualmente inolvidável Rádio JB, do Rio, trabalhei na cobertura das eleições presidenciais de 1989, a primeira dede 1964. Cobri três edições do Rallye dos Sertões para a CBN/Diário, vários anos da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) e do Retail’s Big Show, o maior evento do varejo mundial, em Nova Iorque. Coleciono amigos especiais e centenas de camaradas nas rádios do estado e do país. Faço jus ao velho bordão: “brasileiro não vive sem rádio”. E tenho dito!

     

    Por Carlos Stegemann, jornalista

     

    (Na foto: minha estreia no esporte da Guarujá, em 1986, no Orlando Scarpelli, Figueirense x Tiradentes/Tijucas. Foto Lourival Bento)