Temporada frustrante para bares e restaurantes de SC

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Se logo após as festas de fim de ano o otimismo reinava entre os proprietários de bares e restaurantes numa primeira pesquisa realizada pela associação do setor em Santa Catarina (Abrasel), o mesmo não pode ser dito no levantamento consolidado da temporada. Entrevistas realizadas após o Carnaval com empresários das regiões sul, central, norte e da Capital no litoral catarinense apontam que 75% dos negócios identificaram movimento igual ou pior que no verão passado. Para 80% deles houve redução no gasto médio dos frequentadores ou permaneceu o mesmo. “Como 2017 foi um dos piores anos para nosso segmento, são dados muito preocupantes. As fortes chuvas também contribuíram para este resultado”, afirma Raphael Dabdab, presidente da entidade, ressaltando que muitos turistas optaram pelos supermercados e os moradores por ficar em casa. “Também tivemos visitantes com menor poder aquisitivo, apesar de serem em grande quantidade”, avalia.

A pesquisa da Abrasel entrevistou empresários do setor de bares e restaurantes nos dias 19 e 20 de fevereiro, com apoio técnico metodológico do professor Dr. Tiago Savi Mondo, líder do Grupo de Pesquisa e Gestão do Turismo do IFSC.

 

Aumento da carga tributária

Apesar do setor de bares e restaurantes ser um dos que mais emprega no país, as exigências tributárias atingiram em cheio os empresários. “Em janeiro de 2016 o governo estadual extinguiu o regime especial para empresas fora do Simples, fazendo dobrar os impostos. No início deste ano fomos surpreendidos pelo fato de Santa Catarina ter adotado o sublimite de R$ 3,6 milhões para as empresas enquadradas no Simples. Desta forma, aquelas que excedem esse valor têm o ICMS e o ISS recolhidos à parte. “Dentro do Simples o ICMS ficava em 3,95% e agora está em 7%. Queremos uma agenda com o governo do estado para explicar que estas medidas reduzem o crescimento e muitos postos de trabalho”, enfatiza Dabdab.

 

Capital paralisada

O fato de Florianópolis ter apresentado a pior perspectiva para 2018 é, para Dabdab, fruto da insegurança jurídica e da falta de investimentos em turismo. “É cada vez mais complicado investir em Florianópolis, vide os casos das recentes demolições de restaurantes da orla, além da ameaça da destruição de outros, sem contar que há anos não temos mais novidades aos visitantes. Na vizinha Balneário Camboriú o otimismo é maior não à toa, já que existem sempre novas ferramentas ao turista”, reclama.

 

Dados positivos

Ao contrário dos anos anteriores, desta vez não houve problemas significativos no fornecimento de água e energia elétrica. Somente 9,5% e 14,3% dos entrevistados encararam os serviços como um gargalo, respectivamente. Outro bom indicativo é que 39% dos consultados creem que 2018 será melhor que o ano passado para os negócios. Dabdab, porém, repete que 2017 foi um ano muito ruim. “Estamos saindo lentamente de uma crise que ainda nos afeta e cobramos do poder público maior rigor no combate ao comércio ilegal, principalmente na Capital”, afirma, referindo-se ao fato da cidade ter este problema como um dos principais, citado por 36% dos entrevistados.

Em contrapartida o setor pretende realizar investimentos em 2018. Para 53% dos consultados é esta a ideia, mas, entre eles, 65% preveem somente injetar dinheiro em melhorias, mas não em expansão. “Atribuo este dado ao acirramento da concorrência. Os bares e restaurantes querem dar algo de novo ao público para garantir a sobrevivência”, explica. Raphael Dabdab também aposta na tecnologia como parte desses investimentos. “A Abrasel lançou o aplicativo Portal Gastronômico, que divulga promoções dos empreendimentos, entre outros serviços, e também promove parcerias com taxas especiais aos associados”, informa.

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