Itapiranga: belo espetáculo nas finais do Bom de Bola

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    Só uma coisa conseguiu superar as altas temperaturas dos últimos dias em Itapiranga, no decorrer da fase final do Bom de Bola SC: o calor humano da população desta cidade de pouco mais de 17 mil habitantes, às margens do Rio Uruguai e no extremo oeste catarinense. Esse foi o quarto ano que o município recebeu centenas de alunos-atletas, além do pessoal da Fesporte (Governo do Estado) e do Instituto Bom de Bola, jornalistas e familiares de competidores. Não se tratava, portanto, de uma novidade, para a pacata rotina dos itapiranguenses. O que não impediu a população e as autoridades a expressarem fortes manifestações de alegria e de carinho pelo evento e seus participantes.

    Depois de algumas horas por aqui, não é difícil entender o porquê da escolha de Itapiranga para sediar a fase final do Bom de Bola. Por aqui o esporte é levado muito a sério – do futebol amador (com séries A e B) à patinação, passando pelo motocross. Já tem seis títulos do Bom de Bola (quatro do masculino e dois do feminino). Mas outros aspectos sobressaem – do centro com prédios e casas bem conservadas e bonitas, ruas arborizadas e ajardinadas e quase nenhum lixo pelo chão. A área rural, resguardadas as proporções, lembra a Europa. Lavouras de grãos vicejantes, casas e carros de padrão da classe média alta urbana e máquinas agrícolas de primeira linha. Produtores rurais que trabalham incansavelmente e são um modelo para o Brasil.

    Nos jogos do Bom de Bola a torcida era uma atração à parte: famílias com crianças e nenês, cuias de chimarrão rodando e os jovens tomando tereré, um refresco de mate, de origem guarani. Muitos aplausos, gritos de guerra, mas nenhuma palavra chula.

    Manso e caudaloso, o majestoso Rio Uruguai é a principal marca da natureza na região e suas águas carregam – metaforicamente – a história de mais de um século, dos balseiros que levavam madeira para a Bacia do Rio do Prata e dos salteadores e revolucionários que o cruzavam em busca de abrigo na margem catarinense. Hoje mostra seu potencial para o turismo ambiental e a geração de energia. Os descendentes de alemães que habitam Itapiranga, cidade que criou a primeira versão brasileira da Oktoberfest, na Linha Becker, em 1978, têm uma vida que lembra o Rio Uruguai. A mansidão oculta o vigor e exibe uma beleza superlativa.

    Tenham certeza: Itapiranga e o Bom de Bola se reencontrarão. Para o bem de todos!

    Texto e fotos de Carlos Stegemann