A força do ‘Rallye’ no território dos fortes

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    O sertanejo é um forte, frase de Guimarães Rosa, na maior de suas criações – Grande Sertões: Veredas (1956). A locução pode ser estendida aos que competem no ‘Rally dos Sertões’. Pilotos e navegadores submetem-se a riscos impraticáveis para a maioria dos humanos. Em trilhas onde um motorista audaz passaria a 40 km/h, os pilotos de ponta passam a 120 km/h.

    Desgaste físico e emocional excessivo, algumas contendas entre e nas próprias equipes, acidentes (poucas mortes, em 29 edições) e, sobretudo, muitas quebras, gerando perdas de posições ou desistências – e muitas lamentações. Na primeira edição que cobri, perdi quatro quilos em sete dias. Hidratar-se e se proteger do sol inclemente são questões de sobrevivência.

    As imagens de hoje mostram um pouco deste sufoco, que, em paralelo, promove grande solidariedade e companheirismo, desde que os motores estejam desligados, é claro. Muitos dos competidores são tão adversários quanto amigos e se enfrentam o ano todo, por anos a fio. Certa vez ouvi que não se fala nem se ri muito nos Sertões ou afoga-se na poeira…

     

    Por Carlos Stegemann, jornalista

    Foto: Carlos Stegemann