Você já reparou como a comunicação interna nas empresas é recheada de letrinhas e imperativos? Com certeza você já recebeu algum e-mail com “favor executar” e “favor providenciar”, entre tantos outros favores ordenados. É como se o colaborador fosse uma máquina que funcionasse na base do comando “faça isso”, “faça aquilo”. O favor, é claro, é um mero protocolo. Uma vez questionei um diretor sobre o motivo desta “secura” e ele explicou que era falta de tempo. Pensei quantos segundos a mais ele levaria para digitar “bom dia, Juliana. Por gentileza, você poderia providenciar o pedido abaixo? Muito obrigado”.
Logo em seguida aprendi que, além dos imperativos, existia a sopa de letrinhas. A primeira vez que recebi um e-mail com FYI, gelei. Que raio era aquilo? Fiquei sem graça de perguntar aos meus colegas e recorri, é claro, ao Google. Descobri que FYI significa for your information ou, no bom português, PSI (para sua informação). Com o tempo fui agregando outras letrinhas ao meu conhecimento, como PSC (para o seu conhecimento) e FYA (for your attention, indicando que é necessário uma resposta do destinatário). Sim, existe uma sigla específica pedindo um retorno, já que não responder e-mails virou rotina.
Chega a ser desesperador quando você precisa de uma resolução e é ignorado solenemente! Você manda um e-mail, não obtém a resposta, liga avisando que precisa do retorno, mas não adianta nada. Isso, é claro, sem falar dos e-mails que são respondidos, mas claramente não foram lidos. Você faz uma pergunta e a resposta parece coisa de doido, sem nexo, que o deixa ainda mais confuso! Além de ser falta de educação, é prejudicial para as rotinas empresariais. Eu fico passada quando faço uma consultoria e descubro que a comunicação interna é toda pautada no envio de mensagens.
Já diz o dicionário: comunicação é interlocução, conversa, diálogo. Mandar e-mail e entender isso como um fluxo de comunicação chega a ser irresponsável! O e-mail é ótima ferramenta para deixar algo registrado: “conforme conversamos, segue…”. Mas as conversas pessoalmente, por telefone ou ferramentas da web, ainda são a forma mais eficaz de garantir que todos estão alinhados. E para assuntos gerais da empresa, reuniões periódicas são sempre bem-vindas, pois provavelmente será o único momento de integração entre todos os setores.
O fato é: quando se trata da comunicação empresarial, não podemos esquecer que estamos lidando com seres humanos, não com robôs. FYI? Fala sério!
Por Juliana Germann
