13 anos sem o “mais repórter dos fotógrafos” – tributo a Olívio Lamas

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    Em muitas das experiências profissionais que vivi, nos 40 anos de jornalismo e 25 de vida empresarial, foi quase impossível distinguir os limites do trabalho e da esfera pessoal. Isso só acontecia quando algo me envolvia com tamanha intensidade que se tornava definitivo. Minha amizade com o repórter-fotográfico Olívio Lamas foi um destes emblemáticos casos.

    Lamas foi um profissional dedicadíssimo, de um humor mordaz e permanente, amante da música, da leitura e do futebol, politicamente ativo e crítico, capaz de praticar a amizade como poucos. O conheci numa das etapas mais importantes da minha carreira, quando assumi como correspondente do Jornal do Brasil em Santa Catarina, em 1988. O ‘Velho’, com sua voz rouca, seu chapéu de Indiana Jones e a barba de profeta, foi um parceiro fiel em madrugadas rasgando as estradas, transmitindo telefotos e em vigílias em busca de informações, estivessem elas em acampamentos de sem-terras, numa área conflagrada da periferia, em gabinetes de políticos ou escritórios de empresários.

    Lamas colecionou prêmios – entre eles o Vladimir Herzog de Direitos Humanos e o Esso – mas a maior conquista foi ter ensinado e amparado uma geração de profissionais, entre os quais me incluo.

    Trabalhou no extinto grupo Caldas Junior (RS), Zero Hora, O Globo, JB, Globo Rural e O Estado (SC) – onde suas imagens perpetuaram momentos importantes da história contemporânea – desde a emoção superlativa de uma partida de Copa do Mundo até o singelo dia a dia de um produtor rural.

    Este dia 23 de junho marca 13 anos sem Olívio Lamas, que faleceu com apenas 58 anos – e pouco antes de seu sepultamento concedi uma entrevista à então RBS TV, com a felicidade de defini-lo como “o mais repórter dos fotógrafos”. Aindo devo o livro sobre jornada memorável deste personagem ímpar e inesquecível.

     

    *Por Carlos Stegemann, jornalista

     

    *Na foto, da esquerda para a direita: Marcelo Beraba (à época editor de Política da Folha de São Paulo), Carlos Stegemann (Jornal do Brasil), Ricardo Kotscho (à época assessor da campanha de Lula), Terezinha Costa (repórter de Política d’ O Estado de São Paulo), Gérson Schirmer (jornalista) e Olívio Lamas, com seu inseparável chapéu. O local é o Box 32, em Florianópolis, e o ano 1989, cobríamos a campanha eleitoral à Presidência República, a primeira desde 1964. A foto é de Beto Barreiros, o ‘Beto do Box’.