A ressocialização para detentos é viável – por Nilso Berlanda

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O número de fugitivos das unidades prisionais de Santa Catarina já é preocupante, com os recentes episódios de Itajaí e Blumenau ainda vivos na memória do catarinense. O contexto nacional é exponencialmente mais problemático, com penitenciárias superlotadas em colapso, palcos de verdadeiros cenários de guerra. Para muitos a solução seria erguer muros e construir mais celas, mas esta está longe de ser a saída para o caos carcerário. Há exitosos projetos que mostram como é possível dar um novo – e prático – significado à expressão ‘ressocialização de presidiários’ por meio da utilização da mão de obra dos apenados.

Um dos mais bem-sucedidos exemplos fica na unidade prisional de São Cristóvão do Sul, no Planalto Serrano, primeira em Santa Catarina a sediar uma instalação fabril. Fundada há seis anos na penitenciária pela rede varejista Berlanda, a fábrica de estofados Catarina começou a operar empregando 80 presidiários e com produção mensal de 600 sofás, poltronas e pufes. O resultado deu tão certo que houve a necessidade de ampliar a fábrica, com investimentos totais acima de R$ 5 milhões. Atualmente, 320 detentos produzem mais de 300 jogos de estofados e acima de 400 camas box por dia em um espaço de 9.600 metros quadrados. Esses produtos abastecem os pontos de venda da rede e também são comercializados com outras lojas após criteriosos exames de qualidade.

A cada três dias de produção há redução de outro no cômputo da pena. Além do aprendizado de uma profissão, o presidiário recebe auxílio financeiro pelo trabalho realizado. A empresa remunera com um salário mínimo, sendo 25% para o complexo penitenciário para melhorias e o restante para poupança em nome do sentenciado ou uso da família.

Enquanto isso, tramita na Assembleia Legislativa o projeto que incentiva as empresas a adotarem esse modelo. Como ente promotor de políticas públicas para a área de segurança, sem dúvida o Estado precisa incentivar a replicação de iniciativas como esta em outros complexos prisionais. Afinal, é uma política na qual todas as partes envolvidas ganham, beneficiando toda a sociedade.

Nilso Berlanda, presidente do Grupo Berlanda

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