Por Carlos Stegemann
O sociólogo francês Maurice Halbwachs cunhou a expressão ‘memória coletiva’ como algo que pertence a um grupo de pessoas e transferida por gerações, representando experiências vividas ou mitificadas, parte integrante do sentimento passado. Talvez, arrisco eu, algo que escape da história, quando relatada convencionalmente.
O trabalho sobre os 35 anos da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e TV (Acaert) tem essa pretensão: resgatar aspectos que certamente serão (ou já foram) esquecidos (ou desprezados) pela história formal, quando contaram ou contarão os fatos que marcaram as últimas três décadas e meia em Santa Catarina.
No livro que estamos elaborando listamos os principais fatos deste período e procuramos os profissionais de rádio e TV para saber como foram tais coberturas e o quanto tais fatos os impactaram. Destarte, homenageamos o trabalho de milhares de pessoas que constroem o noticiário de nosso cotidiano. E representa, em paralelo, uma oportunidade para reconhecer o mérito de dirigentes e proprietários de emissoras catarinenses.
É claro que também estamos recuperando os aspectos que justificaram, em 1980, a criação da entidade e suas realizações. Ao fazê-lo, promovemos justiça com os pioneiros deste processo e com aqueles que contribuíram para construir uma das mais importantes entidades da comunicação do país.
Como todo trabalho de memória, os erros e as injustiças são inevitáveis. Também por isso, não aceitamos o desafio da descrição amiúde dos fatos, tampouco estamos produzindo uma versão da história do rádio e da TV em Santa Catarina, embora a ideia seja sedutora e possível em um futuro breve. Até o lançamento, em maio próximo, estaremos empenhados em executar a proposta da obra e aceitamos, com superlativos agradecimentos, qualquer contribuição.
Na imagem, o radialista Walter Filho, ex-Diário da Manhã e TV Catarinense (atual RBS TV), conta sobre a inauguração do Estádio da Ressacada e a visita do Papa João Paulo II a Florianópolis
Foto de Carlos Stegemann
